Na semana passada, o Jornal Informativo Regional produziu e divulgou uma reportagem com a delegada Fabiane Bittencourt quanto às últimas ocorrências na região, em que indivíduos tentam intimidar e agredir policiais civis e militares. Considerando tamanha importância do assunto, a matéria teve uma grande repercussão no jornal impresso e nas mídias digitais.
Sendo assim, como já se esperava, a primeira sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Fontoura Xavier, realizada na noite de quarta-feira, 15/02, foi marcada por cobranças e posicionamentos, especialmente do vereador Bruno Brum, que comentou sobre as últimas polêmicas envolvendo ele e seu pai, o que foi observado e apontado na reportagem citada acima.
Em sua manifestação, o vereador buscou induzir a população se posicionar contra a atuação da Brigada Militar, praticando o crime de prevaricação, caracterizado pelo interesse ou sentimento pessoal deste, deixando de realizar ato de ofício, retardando atos ou cometendo atos contrários ao que diz a lei.
A versão do vereador
Sendo assim, com as mãos amarradas, o vereador se dirigiu até a tribuna, questionou sobre o que uma pessoa pode fazer quando está algemada e divulgou o áudio de uma moradora do município que, segundo ele, foi vítima de um ato violento há algum tempo. Na mensagem de voz ela dizia: “A polícia veio até a nossa casa para prender o nosso filho, mas não o encontrou porque não estava em casa. Nós recebemos os policiais com todo o respeito, mas um moreninho, que se chama Malaquias, adentrou a casa e queria que nós déssemos conta do nosso filho de qualquer forma. Ele nos ameaçou de morte, e disse que se não déssemos conta dele até o outro dia era para encomendar três caixões porque nós iríamos ser mortos”
Após a divulgação do áudio, o vereador disse que fez a demonstração de estar algemado para mostrar que uma pessoa nessa situação não pode fazer nada. “Eu demonstrei isso em razão de um fato que aconteceu no dia 04 de fevereiro, que envolveu o meu pai, vítima de um policial da Brigada Militar de Fontoura Xavier. Esse policial chegou ao posto de gasolina em que meu pai e sua companheira, que vivem juntos há 17 anos, estavam parados há mais de 20 minutos conversando dentro da camionete. Quando ele chegou, meu pai desceu do veículo e o policial ignorante e maldoso deu voz de prisão a ele, sem se quer ter motivos. Acompanhado da brigadiana Joana, o soldado Malaquias queria prendê-lo, mas meu pai disse que não poderia ser preso, pois não havia feito nada e que estava apenas obstruindo o trânsito. O policial alegou que meu pai estava brigando e batendo na sua companheira, então ele apontou para sua esposa e disse que ninguém estava brigando”.
E continuou: “Nesse exato momento, a brigadiana Joana reconheceu-o como pai do vereador Bruno, que queria a transferência do brigadiano Malaquias de Fontoura Xavier. Meu pai olhou para eles, concordou que eu era seu filho, mas que não era apenas eu que queria a transferência do policial, mas outros vereadores e o prefeito também, porque o povo estava pedindo uma resposta em razão da sua brutalidade. Foi então que começaram as agressões, a brigadiana jogou spray de pimenta nos olhos do meu pai, e o Malaquias covardemente e cruelmente derrubou-o com uma rasteira, algemou-o no chão e começou a espancá-lo. Uma cena de horror, porque como eu disse antes, o que um homem faz algemado e deitado no chão, que não seja cuspir e gritar de dor? Depois que estiver algemado, caído, com os braços para trás, sendo chutado nas costelas, onde tem fraturas, e com hematomas no olho, onde poderia ter tido uma hemorragia interna e ter matado uma pessoa de bem, um pai de família, um irmão, um tio, um filho, um avô. Um espancamento desse tamanho, sem pé nem cabeça, uma tortura causada pelo brigadiano Leandro dos Santos Malaquias, pois o art.5º da Constituição Federal diz que bater num homem algemado e indefeso no chão é torra, e ele tem que pagar pelo que fez, pela tentativa de homicídio”, expôs.
Na Delegacia
O vereador seguiu contando sua versão do ocorrido: “Não ficando contente por tudo que fez, de ter batido no meu pai, apenas por eu estar cobrando mais responsabilidade e postura dele com a Brigada Militar, ele foi até a casa do meu pai na Vila Vaz, adentrou a casa e apreendeu, de dentro do roupeiro, a arma registrada e documentada do meu pai, sem permissão nenhuma, ferindo o Art.3º da Constituição Federal. Após, levou-o para a Delegacia de Soledade, e somente quase uma hora depois eu fiquei sabendo. Então fui até lá, adentrei a Delegacia, não avistei meu pai, mas vi o seu cunhado, um excelente brigadiano, que tem o nosso respeito e perguntei onde meu pai estava, ele me disse que estava na triagem e que era para eu me acalmar. Perguntei se haviam batido nele, e me disse que sim, e esse brigadiano Malaquias quando me viu entrando na delegacia, já foi para trás de um balcão. Eu perguntei quem havia batido no meu pai, e o Malaquias disse: “Eu bati e tem pra ti também”, por isso investi nele dentro da Delegacia e garanto que ninguém vai ver o seu pai algemado, espancado, agredido covardemente, brutalmente e vai ficar calado. Estão tentando usar isso contra a minha pessoa, pois avancei em um brigadiano mau-caráter, porque os bons foram me segurar e pediram calma, esses são os bons, mas o mau-caráter correu e se escondeu atrás de um balcão”, disse.
Conforme o vereador, há outras vítimas
Ainda, conforme a declaração do vereador, esse não foi um fato isolado. “Essa perseguição só existe porque eu sou defensor do povo, eu defendo aqueles que precisam, e dentro desse plenário tem muitas vítimas da violência policial. Não foi um fato isolado o que aconteceu com meu pai, eu não vou citar nomes para não expor as pessoas, mas eu estou aqui para cobrar o direito delas e eles não vão me calar. Por exemplo, tem o caso de um amigo meu que tem um filho menor de idade, onde o brigadiano Leandro dos Santos Malaquias seguiu-o até a sua residência e adentrou apontando uma arma na cabeça de um guri menor de idade. Além disso, o vereador Algemiro, que sempre tenta nos pacificar, também foi uma vítima desse covarde, que fez uma abordagem lhe insultando com palavras e apontando uma arma na cabeça do vereador. É esse tipo de abordagem que a tenente dá para os soldados? Eu duvido que seja, e prefiro acreditar que a tenente Adriana seja desconhecedora desses fatos, do terrorismo que esse brigadiano está causando no município”.
Ele complementou divulgando outra mensagem de voz de um morador do interior doe Fontoura Xavier: No áudio, a pessoa diz: “Eu gostaria de contar um fato que aconteceu comigo e com o policial Malaquias. Nós estávamos na roça trabalhando, fazendo uma roçada, ele veio até nós e nos ameaçou, falando que nós estávamos em sete, a mesma quantidade de cartucho que ele tinha. Nós entendemos que era um cartucho para cada um, para nos matar e falou também que lá nem carro da funerária ia, por isso tinha que se cuidar para não morrer”.
Indignado, Bruno continua seu pronunciamento: “Isso é coisa de um brigadiano de bem falar? Isso é orientação dos tenentes? Acho que não, eu duvido que a orientação seja esse tipo de postura. Além disso, esse policial bateu a 80km por hora na contramão, na frente do Bar do Nereu, em horário de plantão com carro pessoal dele, e aonde é que está a ocorrência? Cadê as câmeras e filmagens? Nós vamos encaminhar um ofício para a Brigada Militar, afim de que venham até a Câmara nos ouvir e explicar o que está acontecendo com esse brigadiano, porque se não pararmos esse tipo de gente, ele vai acabar matando alguém. Eu tenho provas do que estou falando, não estou aqui para mentir ou inventar coisas, estou aqui porque me procuraram para tomar providências, como defensor da voz do povo que está sofrendo na mão dele”.
Para finalizar sua manifestação, Bruno disse: “Eu fiquei sabendo que vai chegar nessa casa, através da delegada Fabiane Bittencourt, que provavelmente não é conhecedora dos fatos, mas vai ficar sabendo porque é uma pessoa competente, um pedido de afastamento para mim. Querem me tirar daqui por eu defender o povo, por ser a voz daqueles que não tem voz, por eu estar cobrando atitudes sérias da parte de alguns brigadianos. Eu cheguei nessa casa com garra e coragem, e não vou parar, vou continuar cobrando, e se esse é o preço que tenho que pagar, de ser afastado do cargo por estar cobrando uma conduta digna dos nossos brigadianos, então eu vou pagar, pois eu nunca fui intimidado e não vai ser agora que vou ser. Também, quero dizer que as medidas dentro da lei já estão sendo tomadas, e o fato que aconteceu com meu pai vai ser apurado, comprovado e quem fez errado vai pagar. A gente já teve acesso as câmeras de segurança e ele vai pagar pelo que fez não só ao meu pai, mas para outras pessoas também porque eu já denunciei na Corregedoria do Estado da Brigada Militar. O brigadiano Leandro dos Santos Malaquias está manchando a imagem da BM, e enquanto tiver gente calada e sem cobrar, ele vai continuar com esses abusos, mas em Fontoura Xavier não podemos mais aceitar. Antes, nós tínhamos medo de bandido, hoje temos medo dos policiais?”, concluiu.
Vereador admite infringir a lei
O vereador Gilsone Dartora usou da tribuna para reconhecer o posicionamento do colega Bruno e mostrou-se descontente com a atuação da polícia no município ao admitir que infringiu a lei. “Estávamos em um desfile político, eu, minha namorada e meu enteado, que estava no colo dela. Os brigadianos vieram até nós, pediram para meu enteado ir para o banco de trás, e ele estava indo. Eu fiz uma demonstração com a cabeça de que não tinha gostado, e ao perceber, uma brigadiana me multou com sete pontos na carteira, e tudo isso por nada, porque era um desfile. São multas bobas, sem cabimento”, disse o vereador.
Câmara repudia qualquer tipo de violência
Após as manifestações dos vereadores, a presidente Carolina Prestes dos Santos usou da palavra para informar que a Casa Legislativa ainda não recebeu nenhum documento da delegada Fabiane Bittencourt quanto ao ocorrido. “Mas, quando chegar, certamente vamos avaliar, ver o que cabe a nós fazer ou não, mas acredito que isso seja questão para a justiça resolver e não nós vereadores”.
Ela ainda esclarece que a Câmara de Vereadores é contra qualquer tipo de violência, seja ela contra quem for. “Não podemos generalizar, são casos isolados, e por isso cabe a justiça decidir quem está certo e quem está errado. Nós seguiremos com os trabalhos da Casa Legislativa da melhor forma e harmonia possível”, finalizou Carolina.
Vereadores são criticados por trabalhar
O vereador Ivan Borges usou da tribuna para defender ele e a vereadora Carolina Prestes de algumas críticas feitas pelo vice-prefeito Paulo Quevedo, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais. Ivan lamenta a conduta do vice e afirma que isso não agrega em nada para o desenvolvimento do município.
“Isso ocorreu porque nós visitamos uma comunidade no interior e tinham pessoas que não recebiam água há vários dias. Fomos lá, vimos a situação e com educação fizemos um vídeo, mas não ofendemos ninguém, apenas colocamos a situação e pedimos que a Administração Municipal fizesse a sua parte. Inclusive, eu tinha pedido para o secretário da Agricultura que resolvesse a situação, mas talvez por falta de condições não tinha conseguido, mas depois ficamos satisfeitos porque em seguida resolveu. Todos nós sabemos que não só o município, mas todo o Estado, vem passando por uma situação de calamidade pública em razão da seca, o que traz uma dificuldade muito grande para os agricultores, que estão perdendo a plantação e os animais não tem mais água para tomar. Porém, é inaceitável que os cidadãos não tenham água potável em casa para fazer comida e consumir. Eu não admito que pessoas possam ficar mais de 15 dias esperando água e não são atendidas”, expôs o vereador.
Ivan ainda complementou que o decreto de situação de emergência é uma forma de desburocratizar as ações do governo, de fazer compra de materiais e insumos para resolver a situação de forma mais ágil. “Temos que buscar mais investimentos para que esses problemas não venham a se repetir nos próximos anos e, anualmente, temos que ir resolvendo esses impasses para quem sabe lá na frente estar totalmente solucionado. Não adianta o prefeito deixar dinheiro em caixa e investido, sendo que muitas vezes a nossa população está sofrendo. Dinheiro público tem que ser investido para o público”, afirmou.
Ele ainda mencionou alguns questionamentos do vice-prefeito em relação aos trabalhos e ações que o vereador já fez pelo município, e fez questão de listar parte de tudo que conseguiu trazer para o município enquanto legislador nos últimos anos, afim esclarecer tópicos levantados pelo vice-prefeito no vídeo mencionado.